MELIPONICULTURA
12/09/2023 - Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agronegócio
Na coluna passada abordei sobre a valorização da apicultura na região noroeste do RS. Agora, como prometido, abordo outro tema importante relacionado às abelhas, que é a meliponicultura. Este é o nome que se dá ao processo de criação de abelhas sem ferrão, as “meliponíneas”, que são nativas do estado do Rio Grande do Sul. Existem muitas diferenças entre o processo de apicultura (cultivo das abelhas com ferrão – Apis mellifera), e da meliponicultura. As abelhas sem ferrão (Mandaçaia; Manduri; Mirin; Jataí, dentre outras) apresentam uma anatomia diferente e tamanho inferior, em sua maioria, em relação às Apis, e assim, consequentemente produzem menor quantidade de mel. Por outro lado, o valor agregado ao Kg de mel das meliponíneas é mais alto, e sua contribuição ao meio ambiente é infinitamente maior, especialmente pela relação com a polinização de várias espécies vegetais nativas, onde cerca de 90% destas dependem das abelhas sem ferrão para se reproduzirem. Assim, as estratégias de restauração florestal bem sucedida também passam pela existência destas abelhas. Existe ainda muita afinidade do mel e outros produtos (própolis, pólen, resinas e outros) com a medicina tradicional, sendo que, os povos indígenas já utilizavam muito destes produtos e mel para diversos tratamentos de saúde. A criação e comercialização destas colmeias, e do respectivo mel, também estão em ritmo crescente no RS, e deve sempre ser incentivado pela importância já mencionada. Por outro lado, como se tratam de espécies nativas e sua existência está muito relacionada com os fatores ambientais de cada região, é preciso ter certo cuidado e controle no manejo destas populações. Pensando nisso, a SEMA-RS, publicou uma IN - Instrução Normativa nº 03 de 2014, de forma a normatizar a criação e conservação de meliponíneos nativos (abelhas sem ferrão), no Estado do RS. Fica a dica da importância ambiental e econômica destas abelhas.
Fonte: Por Alexandre Hüller, in: https://www.jornalgazeta.com.br/colunas/alexandrehuller