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Como boa parte das previsões meteorológicas já apontava a pouco tempo atrás, estamos vivendo um período de escassez de chuvas e muito calor na região noroeste e em boa parte do Estado em plena primavera. Apesar de historicamente termos registros de períodos de estiagem em nossa região em determinadas épocas do ano, em 2020 nos chama a atenção que isso acontece em um período tradicionalmente chuvoso. Pois, geralmente no período de final setembro em outros anos tínhamos a ocorrência das populares “enchentes de São Miguel”, com grandes volumes de chuvas que abasteciam nossos lençóis freáticos. Essas anomalias climáticas, como a que estamos vivendo, trazem sérios problemas aos agricultores, pecuaristas e horticultores da região, retardando a implantação da cultura de verão, sacrificando cultivos da época em desenvolvimento e desencadeamento problemas em toda a cadeia, inclusive da produção de alimentos. Diante disso, é preocupante termos mais este problema com reflexos econômicos, e por consequência, social em plena época de Pandemia, além da própria crise provocada pelo Covid-19. Na área ambiental, além do problema em si, também temos reflexos negativos aqui na região, especialmente por este período ser destinado para plantios de reflorestamento, arborização urbana e paisagismo. Pois o período entre o final do inverno e início da primavera tem sido considerado a melhor janela de oportunidade para plantios de mudas florestais nativas e reflorestamentos na região, onde geralmente se tem menos perdas de mudas plantadas por problemas com geadas, e mais umidade no solo (mais chuvas) neste período. Porém, neste ano atípico, quem apostou nesta oportunidade está sofrendo com a escassez de água, onde boa parte, ou na totalidade destas áreas terão que ser replantadas no próximo ano. Assim, também para este fim, será um ano perdido! Ainda, cabe aqui entre nós também uma reflexão sobre os motivos que levam a estes desequilíbrios, lembrando mais uma vez que as chuvas que ocorrem aqui no RS são bastante influenciadas pelas condições ambientais de outras regiões do país e até de fora deste. Pois, certamente, diante de tantos aspectos negativos que temos vivenciado em relação aos recursos naturais em todo o país, com destaque à agravada situação das queimadas no Pantanal, estes eventos climáticos acabam sendo uma resposta, negativa, das ações inconsequentes que estão sendo realizadas país a fora. Por fim, cabe a cada um de nós neste momento pensarmos em ações práticas para minimizar o problema local, sendo que, o racionamento de água passa a ser muito importante, pois já são vários os relatos de municípios da região que estão constatando baixa significativa nos níveis de água de reservatórios, de cursos hídricos e de poços. Que venha a chuva! Tchau La Niña!
 

Fonte: https://www.folhadonoroeste.com.br/colunas/