Bioma Pampa: Conhecer para Conservar
30/08/2021 - Meio Ambiente, sustentabilidade e agronegócio
O Bioma Pampa representa hoje 68,8% do território gaúcho (IBGE, 2019), sendo conhecido antes de 2004, apenas como “campos sulinos”. O termo “Pampa" tem origem indígena e significa “região plana”. Possui como característica diferencial entre os demais biomas brasileiros a vegetação campestre predominante, e a alta biodiversidade associada. Região do estado onde ocorreram eventos históricos importantes, como a Revolução Farroupilha, a Guerra do Paraguai, as Reduções Jesuíticas. É terra de dois Presidentes brasileiros, do tradicional churrasco, do chimarrão, do charque, do cavalo e do gado associados ao pasto natural, e do gaúcho. Possui pelo menos oito fitofisionomias vegetais em seu território, influenciadas pelos tipos de ambiente, relevo, solo, temperatura e umidade, abrigando assim cerca de 3.000 espécies vegetais (70 de cactos; 100 de árvores; 450 de gramíneas); na fauna: (102 espécies de mamíferos; 476 de aves; 50 de anfíbios; 97 de répteis; 50 de peixes), além de aves migratórias. Abrange a maior parte do Aquífero Guarani no país. Pesquisadores da UFRGS já identificaram 57 espécies diferentes de plantas em 1 m² de vegetação campestre do Bioma Pampa, tornando-o o mais diverso por m². Mas por outro lado, é assustadora a velocidade com que a vegetação nativa típica deste Bioma perde espaço para outros usos do solo, como a silvicultura, a agricultura, a mineração, e a urbanização. Ainda, o aumento de espécies exóticas invasoras como o Capim Anonni e o Javali, as queimadas, o processo de arenização, e inclusive a falta de importância dada pelos próprios gaúchos ao este Bioma, também se apresentam como problemas e ameaçadas à sua biodiversidade. Por isso, é importante que os gaúchos realmente conheçam os valores de sua terra, e assim possam se organizar e buscar alternativas para a sua conservação. É necessário um engajamento de todos os setores da sociedade, do governo e do terceiro setor, incentivando ações mais sustentáveis, como a própria pecuária extensiva bem manejada nestes campos nativos, a criação de mais áreas de UC’s dentro do Bioma, avanço na legislação e no regramento, tanto para o licenciamento, como para a fiscalização ambiental, além da efetivação do CAR, PRA e CRA, e do pagamento por serviços ambientais. Ainda, oferecer mais incentivo à ciência e a pesquisa, à agricultura familiar, às cadeias produtivas, à produção orgânica, e no desenvolvimento de projetos de extensão, etc. E, sim! A comunidade tem que participar, exigir, e divulgar as ações em prol da conservação do Bioma Pampa. Mas para isso, precisa primeiro conhecer!
Fonte: https://www.folhadonoroeste.com.br/colunas/