Aquífero Guarani em perigo
12/09/2023 - Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agronegócio
Já é de conhecimento da maioria que o imenso território brasileiro é rico em água doce, tanto na malha hídrica como em reservatórios subterrâneos. O Brasil abriga de baixo do solo grande parte de uma das maiores reservas hídricas do mundo, o “Aquífero Guarani”. O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839,8 mil quilômetros no Brasil, 225,5 mil na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Nomeado em homenagem ao povo Guarani, possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1.800 metros. É dito que esta vasta reserva subterrânea pode fornecer água potável ao mundo por duzentos anos. Devido a uma possível falta de água potável no planeta, que começaria em vinte anos, este recurso natural está rapidamente sendo politizado, tornando-se o controle do Aquífero Guarani cada vez mais controverso. Porém, estudos recentes tem mostrado que esta obra prima da natureza pode estar sendo comprometida gravemente pela ação humana, de forma a despertar preocupações quanto sua sustentabilidade ao longo dos anos. O uso de agrotóxicos e a retirada de água do aquífero em volume muito maior do que sua capacidade de suporte e reposição são os dois principais fatores que podem estar contribuindo para o seu comprometimento. O uso discriminado de água subterrânea do aquífero para fins de irrigação superficial em regiões do país também se apresenta como uma grave ameaça. Os maiores índices de contaminação do aquífero são constatados até o momento em Municípios paulistas, como Ribeirão Preto, por exemplo, onde foram encontradas substâncias oriundas de defensivos utilizados na agricultura. Porém, como o Brasil é um país essencialmente agrícola, que usa uma carga excessiva de agrotóxicos para esta produção, estima-se que em várias regiões do país o aquífero deve estar sendo comprometido. Por enquanto, estes índices de contaminação por agrotóxicos são localizados, especialmente em locais de afloramentos do aquífero, que é a região mais suscetível à contaminação, e especialmente quando que coincidem com áreas de lavouras onde são utilizados grandes quantidades de agrotóxicos. Mesmo assim, cabe um alerta para que se priorizem ações que visem o uso adequado do solo e tecnologias de plantio e cultivo menos impactantes ao meio ambiente e aos recursos hídricos.
Fonte: https://www.jornalgazeta.com.br/colunas/alexandrehuller